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Como investir de forma sustentável ESG

2021.5.31 Vítor Ribeiro, CFA

A indústria financeira está a olhar para o ESG e para toda a temática do investimento responsável e de impacto positivo com grande dinamismo e interesse. Uma espécie de onda verde que está a varrer a indústria!

Neste artigo mais prático sobre como investir de forma sustentável, vamos procurar responder a algumas perguntas frequentes:

  • Será que devemos investir segundo fatores de sustentabilidade?
  • Como podemos selecionar fundos de investimento, ETF ou empresas segundo critérios ESG?
  • O investimento sustentável é mais caro?
  • Os riscos do investimento ESG
  • Qual é o papel do advisor neste processo?

A ideia é responder a uma necessidade de uma nova geração de investidores mais consciente em termos éticos, ambientais e sociais e mais interessados em sustentabilidade e valores para além do lucro financeiro. Mas também uma oportunidade para diversificar as receitas e combater a redução gradual das comissões de uma indústria altamente competitiva.

 

SERÁ QUE DEVO INVESTIR SEGUNDO CRITÉRIOS ESG?

Primeiro devemos ter em consideração o nosso plano de investimento, que deve incluir os nossos valores e princípios, motivações e razões para investir. Para além do lucro financeiro há um conjunto de valores que tornam o investimento financeiro mais pessoal, mais consensual. Um sentimento de pertença e bem-estar que só o lucro não transmite.

Sabemos que uma estratégia de investimento baseada em ESG torna a estratégia mais personalizada e por isso os motivos financeiros não são os únicos na hora de justificar a seleção de um fundo ou ETF ESG. 

O respeito pelo ambiente, pela coesão social e pela ética são fatores mais do que suficientes para optarmos por uma carteira orientada para estes fatores. Contudo, é possível investir de forma sustentável e incorporar os nossos valores pessoais e provocar um impacto positivo na sociedade mesmo sem investirmos em produtos financeiros com o selo ESG. O investimento em energia limpa ou diversidade não estão apenas nos produtos com o rótulo ESG.

Se o plano ou carteira for gerido com apoio de um financial advisor ou através de um mandato de gestão discricionária, o investidor deve questionar que tipo de instrumentos a carteira tem e em que indústrias ou empresas estão investidos.

Também deve questionar quais as principais métricas e comparações entre as diferentes alternativas bem como o impacto de cada instrumento em negócios tradicionalmente mais problemáticos como o armamento, tabaco, petrolíferas ou carvão, por exemplo.

 

COMO PODEMOS SELECIONAR UM INVESTIMENTO COM BASE EM CRITÉRIOS ESG?

Como explicamos neste artigo, consultando o ETF IWDA no site da iShares (uma sociedade gestora de Exchange-traded funds), é possível selecionar o equivalente segundo critérios ESG ou SRI. 

De uma forma transversal, a indústria está a utilizar esta abordagem aumentando as soluções disponibilizadas ou adaptando alguns dos produtos já existentes. Aliás, alguns estão a alterar as designações e incluir as métricas ESG ou SRI no sentido de posicionar o instrumento perante os pares. 

Nas páginas oficiais de cada sociedade gestora, na própria Morningstar (empresa que fornece dados para analisar diferentes opções de investimento, nomeadamente fundos de investimento e ETF), ou em plataformas de investimento (bancos, corretoras, robô-advisors), é possível sabermos:

  • O posicionamento do instrumento em termos rating;
  • Que percentagem do portefólio está investida em indústrias normalmente não associadas ao ESG;
  • Intensidade de carbono em termos de emissões por volume de vendas;
  • A pontuação de qualidade;
  • Negócios envolvidos.

Também do lado das obrigações vemos um mercado a crescer na direção das obrigações verdes (green bonds).

Há vários emitentes importantes, empresas e instituições, que estão a emitir obrigações verdes para financiar projetos ambientais e/ou climáticos, nomeadamente relacionados com:

  • eficiência energética,
  • prevenção da poluição,
  • agricultura sustentável, pesca e silvicultura,
  • proteção dos ecossistemas aquáticos e terrestres,
  • transporte,
  • gestão sustentável da água.

Em Portugal, a EDP já tem adotado este tipo de emissão para diversificar as suas fontes de financiamento.

Além dos emitentes, também podemos encontrar fundos de investimento com mandato de gestão para adquirir obrigações verdes.

 

O INVESTIMENTO SUSTENTÁVEL É MAIS CARO?

Este artigo do Wall Sreet Journal refere que a sustentabilidade tem sido boa para Wall Street, pois os fees de gestão estão mais altos 43% do que nas estratégias standard. 

Apesar de estarmos numa tendência de redução dos custos associados à gestão de patrimónios, os fundos e ETF ESG são, em regra, mais caros do que outras categorias como as estratégias growth e value ou de baixa volatilidade.

 

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Custo médio ponderado por ativos dos ETFs de ações dos EUA por estratégia, 2018 to 2020

 

OS RISCOS DO INVESTIMENTO ESG

Todas as estratégias de investimento têm risco. E com as estratégias sustentáveis não é diferente.

O risco mais importante neste momento talvez sejam as classificações e métricas utilizadas para índices ESG que, como referimos aqui, são cómicas e variadas.

Por um lado, os investidores procuram satisfazer as suas motivações e valores pessoais para investir com a perspetiva de abordagens interessantes e, ao mesmo tempo, gerar um desempenho de investimento sólido. Por outro lado, também aumenta a possibilidade de que algumas empresas de investimento usem a designação ESG para adquirir novos clientes sem implementar estratégias de investimento ESG rigorosas.

A análise de dados é também um dos riscos. Com a evolução do investimento ESG vamos perceber se de facto os critérios estão ou não a funcionar e a serem implementados.

Nos últimos meses apareceram análises sustentando que estas estratégias (fundos e ETF ESG) podem obter melhores rentabilidades quando comparadas com alternativas não ESG. A ideia é que as empresas que melhor gerirem os riscos ambientais e que melhor defenderem e respeitarem as questões éticas e sociais podem ter melhores resultados no futuro. Serão os produtos e serviços dessas empresas que os novos consumidores vão procurar.

Mas há o risco de os resultados não serem os esperados e até a possibilidade de as empresas abandonarem a sua visão sustentável tornando o investimento ESG não prioritário.

 

O PAPEL DO ADVISOR

Vários fundos de investimento e ETF estão a alterar as suas políticas de investimento e a sua designação para assumirem também uma estratégia sustentável.

No âmbito do ESG, o advisor é importante para selecionar e alocar os instrumentos mais adequados à política de investimento definida com o investidor e implementar uma estratégia custo-benefício que ressalve os interesses e as motivações de cada investidor.

Além do aparecimento de um investidor mais jovem e consciente dos valores ambientais, éticos e sociais, temos também o papel cada vez mais importante das mulheres nas decisões de investimento. As reflexões no The Economist e na Mckinsey apresentam algumas ideias importantes: as mulheres querem uma experiência diferente, um serviço personalizado, um advisor que entenda a sua personalidade. É mais importante cumprir objetivos, pagar o colégio aos filhos ou netos e comprar uma segunda casa, por exemplo, do que bater o mercado.

O crescimento da oferta de soluções pode ser visto como um aumento da dificuldade e da complexidade, mas, por outro lado, como um conjunto mais alargado de soluções para construirmos carteiras de investimento mais personalizadas e alinhadas com os valores e interesses de cada investidor.

E esta é a grande vantagem que a onda de sustentabilidade poderá trazer no imediato às opções das investidoras. A outra, é certamente maior e abrangente, e poderá significar uma maior qualidade de vida e o respeito pelo ambiente, pela ética e pela equidade.

Vítor Ribeiro, CFA
Vítor Ribeiro, CFA

Vítor é um CFA® Charterholder, empreendedor, melómano e com um sonho de construir um verdadeiro ecossistema de investimento e planeamento financeiro ao serviço das famílias e organizações.

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